sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O livro (parte 1)


Um homem robusto de aproxidamente 37 anos, senta-se ao lado de uma moça aparentemente frágil e muito sorridente com um livro na mão.

- Tem horas?

-Tô sem celular, sem relógio... (rs)

- Ah, tudo bem! É... posso saber que livro você está lendo?

-Eu não sei. Minha irmã me deu esse livro semana passada e disse que era da nossa mãe que faleceu recentemente. O livro foi encapado e eu não sei o título, autor...nada. (rs) E nem minha irmã sabe.

- Ahhh, sei... E fala sobre o quê?

- Também não sei. É difícil entender, mas é interessante. Eu costumo "pular" as palavras difíceis ou substituir por alguma palavra mais simples que eu conheça. (rs)

- Hmm...Não dá pra saber se é romance? Filosofia? Suspense?...

- Não. É tudo muito confuso, tem um pouco de cada coisa aqui.

A moça fecha o livro, abre a bolsa, tira uma agenda e uma caneta e então faz alguma anotação.
O homem ainda curioso pois não obtinha resposta pra nenhuma das perguntas que fazia, não hesitou:

- Escreve sobre o livro? Alguma palavra pra procurar o significado depois?

- Não. Escrevo algo que possa me servir mais tarde pra alguma coisa. (rs)

- Hmm. Lembrete?

- Talvez!(rs)

A moça levanta-se e diz para o homem que precisa ir pois deu a sua hora. O homem, meio confuso fica calado por alguns segundos e logo depois pergunta:

- Se você não tem horas, como sabe que já é hora de ir embora?

- O sol tá se pondo.(rs)

- Entendi. Acho que também devo ir. Boa sorte com sua leitura do livro sem título e sem autor!

- Obrigada!

Um silêncio entre os dois dura por alguns minutos. Ela abre sua bolsa, certifica-se que está tudo em ordem e lentamente posiciona-se pro primeiro passo volta à sua casa.
O homem continua sentado e observando a moça indo embora.

- Vem sempre por aqui?

- Sempre, todos os dias no mesmo horário. (rs)

- Ah, ok. Tchau então moça doce e sorridente.

- Tchau homem robusto e questionador.

- Haha.

E assim a moça seguiu seu caminho...e o homem a olhou até perdê-la de vista.

(continua...)

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Saia do armário...


Não dá pra ficar trancada em um armário esperando que alguém vá aparecer do nada e tirar você de dentro dele pra que você viva em liberdade. Isso tem que partir de você. Esperar as coisas acontecerem nem sempre é uma boa maneira de resolver a ausência de si mesma. Imagine passar a vida inteira dentro de um armário com uma história esperando-a lá fora. É frustrante! Você tem a chave, você tem a chance, você é a dona de sua história. É você que tem o poder de ir e vir quando e como quiser... de continuar no mesmo caminho ou mudar tudo. Pra isso acontecer basta querer ser você e repetir todos os dias: eu amo a mim e isso irá se perpetuar porque eu sou dona da minha história.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Uma história de verdade nunca tem fim... [25 anos]


Com 1 ano de idade levei meus primeiros tombos e quedas. Aos 2 anos vesti minha primeira fantasia de carnaval num momento em que o que eu queria mesmo era minha chupeta. Aos 3 sempre confundia ontem com amanhã. Aos 4 aprendi que chorando eu conseguia mais as coisas que queria do que quando pedia sorrindo. Aos 5 tinha uma boneca chamada Marília a qual foi minha confidente até o dia de ter que ir pra uma caixa de brinquedos inúteis. Aos 6 inocentemente enchi um preservativo achando que era um balão (peça injusta que me pregaram, isso naum se faz). Aos 7 tentava me defender das traquinagens do meu irmão mais velho e injustamente fazia traquinagens com minha irmã mais nova. Aos 8 costurei a primeira de tantas roupinhas de bonecas. Aos 9 estava viciada em gibi a ponto de querer decorar todas as falas. Aos 10 descobri que pintar e desenhar era muito mais prazeroso do que parecia. Aos 11 cantarolava pela casa com uma mão de pilão...era meu microfone. Aos 12 escrevi meus primeiros versos. Aos 13 senti o coração bater mais forte por alguém. Aos 14 parti um coração ao partir. Aos 15 descobri que fazer "social" com festinha sem amigos de verdade era bem pior que comemorar sozinha. Aos 16 percebi que podemos sim utilizar qualquer objeto de uma coleção para fins não decorativos. Aos 17 me questionei sobre amor a dois. Aos 18 era barrada em festas sempre que esquecia minha id. Aos 19 não temi em cantar alto dentro de um ônibus lotado pra compor a canção... hoje mais querida por meus amigos. Aos 20 passei a experimentar coisas que eu dizia não gostar sem antes experimentá-las. Aos 21 percebi que não se pode abraçar o mundo inteiro de uma vez só, mas fazer o que se gosta é uma forma de abraçar o mundo lentamente. Aos 22 passei a ser mais teimosa porque eu simplesmente não suportava a idéia de que quisessem mudar minha opinião. Aos 23 descobri que eu realmente gostava da noite e era muito mais produtiva pra mim. Aos 24 percebi que há dois tipos de saudades, a boa e a ruim. A boa quando o bom é recordar momentos felizes, alegres e de forma saudável. A ruim quando recordamos momentos tristes, infelizes e que esses nos martirizam e nos fazem sofrer.(Eu prefiro a boa). Aos 25 aprendi que exatamente todas as coisas que aconteceram na minha vida tinham que acontecer pra que eu fosse realmente eu. Não seria o que sou hoje se todas as coisas que surgiram no meu caminho não tivessem acontecido, elas são responsáveis pelo que me tornei. Cada tombo, cada queda, cada fantasia, cada confusão, cada choro, cada sorriso, cada brinquedo, cada pincél, cada tinta, cada papel... tudo foi importante.Cada implicância, cada brincadeira, até mesmo as mais injustas. Cada revista, cada palavra, cada olhar, cada beijo, cada abraço, cada vontade, cada desejo, cada pergunta, cada resposta... As coisas mais simples até as mais complexas fizeram parte do que sou hoje. E a cada ano que passa, novas coisas surgem e aprendemos com cada uma delas. Hoje por exemplo eu percebo que se eu tivesse utilizado "um" preservativo da minha coleção de camisinhas certamente eu não teria engravidado aos 16 anos. Mas também sei que se isso não aconteceu foi pro bem da humanidade, porque eu sou a mãe mais feliz desse mundo. Também sei que outras mulheres ainda não estão preparadas pra ser mães. Hoje também aprendi que a vida é pra ser vivida intensamente e eu preciso disso pra me ser. Isso é um pouco sobre mim, mas um pouco muito pouco mesmo porque uma história de verdade nunca tem fim.Recordar é viver!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Compor...


Compor...
Compor para mim, é como criar asas...essas asas não comuns e que certamente não se vê por aí acopladas a uma espécie de pássaro robótico sobrevoando um céu nublado. Meu Deus, eu viajei agora...o que eu quis dizer com isso? Hahaha! É sempre assim, eu não tenho muito tempo de policiar meu pensamento enquanto escrevo...As palavras vão sendo transportadas a um plano e minha mente sempre está lá...bem adiante...é sempre assim.
Eu também não tenho um padrão de criação e nem sei se isso existe. Também não sei de onde vem inspiração...eu apenas sinto, e faço isso da melhor forma. Melhor forma para mim é claro...pois acredito que somente fazendo algo pra si é que realmente temos grande chance daquilo dar certo.
Geralmente estar em um quarto escuro é tudo que eu preciso além de teclado, violão , caneta e papel. Ali não sou notada, sou um ser invisível até mesmo aos meus olhos.Tá, daí você me pergunta: Como você escreve se não enxerga nada? E eu respondo: Só preciso de um fecho de luz em cima do meu papel e meu teclado...nada mais. E como um passe de mágica minha mente estimula-se aceitando à vezes o improvável, o absurdo e logo fazem dos meus pensamentos uma dinamite de palavras junto a sonoridades as quais eu ainda desconheço e só percebo que são harmônicas...então eu as sinto. E nesse momento eu só preciso sentir. Então eu sinto...sinto...sinto... A cada palavra um gozo irreversível, A cada nota um gozo irrevogável...
Tem algo curioso acontecendo comigo. Lembro que antes, eu começava a compor uma música e no mesmo dia eu terminava toda ela. Agora, pelas minhas contas não muito exatas (pois sou péssima em matemática) devo ter umas 9 músicas inacabadas. O que faz-me questionar diariamente: Por que isso acontece? Era melhor antes que agora? Há um bloqueio em minha mente com o qual terei que conviver o resto dos meus dias? Será uma fase? Um distúrbio do ócio criativo? (...) E logo vejo que isso é comum, a vida é uma constante evolução... eu estou amadurecendo e isso faz da minha vida uma eterna descoberta de mim mesma.
A única coisa que sei é que mesmo eu não finalizando um número bem significativo de músicas, minha mente não pára, não pára de criar e isso já me basta. Sei também que uma frase acrescento a cada canção inacabada toda vez que tranco-me em um quarto escuro, embora esse eu não considere um "fator chave" de inspiração. Isso significa que está ACONTECENDO. O bom é isso, fazer acontecer.
Meu quarto escuro e calmo é apenas algo que silencia minha alma e faz com meu eu torne-se mais sensível e mais propício a uma disciplina instrumental. Sou feliz assim, exatamente assim!


; ) bye!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ciúmes (maio de 1999)




Ele que tanto a queria
Enlouqueceu, não percebeu...
Que deixaria de apossar o mundo
Que deixaria de viver.
Passou somente a lamentar
Aquilo que nem sequer vivia.
Odiou tantos momentos
Era só o que fazia.
Cansou então de amar
Mas nem sabia o que era amor...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Entre a loucura e o medo...


Era um dia frio, um dia daqueles que nos enche de vazio, um dia daqueles que tudo dentro da gente atenua sem desespero e sem muita motivação.
Ao longe, dava pra notar que uma única casa em meio aquela névoa estava aberta. E chegando bem próximo dava pra notar também que ali existia uma mulher...uma mulher sentada à porta com seu queixo sobre os joelhos, levemente abraçados por seus braços longos cobertos por uma jaqueta jeans.
Ainda sem saber seu nome, ainda sem saber seu cheiro... era visivelmente notável seus olhos fixos a um único ponto como se sua mente estivesse em um outro lugar e não ali.
Sabe-se que se aquela mulher de olhos marcantes, boca rosada e um queixo de traços indecifráveis, sentada à porta de sua casa, pudesse voltar no tempo e se sentir como uma menina que beija a própria mão imaginando a boca de um príncipe encantado, certamente ela viveria essa menina intensamente. Buscaria reviver da forma mais pura esse sonho repleto de encantos. Mas os príncipes não existem de verdade....Embora exista no pensamento da doce menina e isso basta para ela viver uma fantasia. .....Afinal quem seria o príncipe? Príncipes nem existem. E tu existes? É, tu... existes?
Eu disse que tu és uma fantasia? Não, eu não disse isso. A menos que quisesses ser o príncipe da doce menina. Ou ser o homem da terna mulher.

Mas...o que seria fantasia?Uma vontade de unir vontades? Imaginar que o abstrato pode ser concreto? Fechar os olhos e ter o poder de fazer o que quiser e onde quiser?
Ilusão é bem diferente de fantasia. Embora tu sejas um pouco de ilusão pra ela também...só não chega a ser mais porque ilusão é enganação também e ela não está enganada quanto a tudo isso.

Tu és uma fantasia boa e que a faz bem. Tu és um céu? Uma cor? Uma dor? Um sonho? Um quadro? Uma efígie? Um sol? Uma torre? Uma estrada? Um pecado? Um riso no canto da boca?
Espera....a tua boca é um riso completo. E na pele dos lábios teus vejo a cor do pecado, a cor do desejo. Convite pra noite, convite pro beijo... Convite pro riso repleto de fome e sede. Tua boca tem um gosto que ela ainda não sabe.
Como se não bastasse vê-la sonhar ainda é possível vê-la perdendo a noção da razão. A loucura e o medo andam juntos. E ela teria razão em deixar-te passar? Sem provar o beijo teu? Sem sentir o gosto que tua boca tem? A razão menos importa agora... Ela quer entender...quer sentir... Precisa disso.
Pra depois não ter que cantar: " Só uma coisa me entristece... o beijo de amor que não roubei...
... a jura secreta que não fiz...as brigas de amor que não causei... "
E ser condenada por quê? Por querer algo que nem pode ser dela de verdade, mas que ela quer mesmo assim?

O mito que se esconde em teu rosto... naquele mesmo riso que rouba toda tua boca é a mesma verdade estampada no teu corpo inteiro, ela sabe disso. E isso ao mesmo tempo que amedronta-a, faz dela um pouco mais de ti mesmo...porque no fundo ela sabe que precisa beijar o teu riso pra sentir-se a menina-mulher que ela é.
Posso ver-te ali, exatamente ali ao ouvi-la falar:

Ajuda-me a vencer esse medo e enlouqueça comigo! Preciso!

domingo, 11 de janeiro de 2009

Se não for bizarro, no mínimo é curioso!


Pensando cá com meus lacinhos (pois raramente uso roupas com botões)...
Percebi que no geral os palavrões sempre são palavrinhas e algumas palavrinhas “de fato” são palavrões.

Parece confuso né...mas é bem simples.
Palavras pequenas deveriam ser palavrinhas... mas isso se define mais aos chamados palavrões!

Como por exemplo: Puta, merda, caralho, foda, cacete, porra e etc...
Essas palavras não são muito extensas, são todas palavrinhas, mas são intituladas palavrões.

Exemplo: lindinha, princesinha, gostosinho, perfeitinha e etc...
Essas palavras são extensas na escrita, mas dirigem-se a coisas pequenas.
Para confirmar isso basta contar as letrinhas... (embora a olho nu se perceba claramente) =]


Claro que gramaticamente a quantidade de letrinhas não está associada a ser ou não "palavrinhas e palavrões" nesse contexto. Isso está ligado aos seus significados e não aos seus tamanhos. Mas que é bem curioso é.

Esses “inho e inha” são sufixos que assim como os outros do diminutivo engrandecem as palavras e ao mesmo tempo tornam-as palavrinhas (pelos seus significados).É obvio que as palavrinhas também levam 'inha'' em sua escrita, senão não seriam palavrinhas. Afinal que graça teria? Tudo fica tão delicadinho, bonitinho, charmosinho com um "inho" ou "inha" no final. Causa até uma sensação de paz...parece dizermos com tanto afeto...(Q bizuguizizinho!)

Agora tudo muda quando usamos as palavrinhas cujas carregam o peso de um chamado palavrão. E esses nem precisam ter “ão” no final pra coisa ficar bem feia.

Até mesmo o sufixo para formar aumentativo é bem menor que o sufixo para formar o diminutivo.
ex:ão x inho (Embora saibamos que existem outros sufixos... a verdade é q "ão" é menor que qualquer outro sufixo para formar diminutivos).

Eu ainda prefiro pensar que os palavrões são palavrinhas. Inclusive atualmente alguns são empregados para expressão de surpresa (boa),a qual imediatamente agrada. Que bom saber que os palavrões agora podem ser ditos com afeto e não somente para expressar insulto, desagrado ou desprezo! Fazendo uma extrema mudança em relação a seus significados.

Quem nunca disse(?):
- Porra, você é foda...veio mesmo me ver!
- Ah, vai tomar no cú... que relógio do caralho!
- Esse sorvete tá bom pra cacete!Puta que pariu!
(Se ainda não disse, não hesite...)

Lembrando é claro que um "Vá à puta que pariu" bem mandado àquela pessoa que realmente merece , NÃO TEM PREÇO.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Comprimido


Não saberia dizer ao certo o que me fez tomar aquele comprimido.
Lembro que deitei, adormeci e sonhei...
Tive quatro sonhos com a mesma pessoa em circunstâncias diferentes
E vivi intensamente dentro de cada sonho.
O estranho é que eu sabia que estava sonhando,
Então eu mudava tudo que provavelmente iria acontecer, conforme minha vontade.
Sem medo de fazer o que queria, eu me sentia liberta,
Afinal sabia que acordaria a qualquer momento...
E tudo não passaria de um sonho.
Mas o tempo estava passando e o sonho ficava melhor a cada momento,
Então eu pensava: abrirei os olhos devagar quando tiver certeza que quero acordar.
E já no 4º(quarto) sonho eu me sentia nas nuvens,
Era como se eu estivesse, solta no ar..., livre de tudo.
Sentia-me leve, sentia-me eu..., sentia-me assim,
Meio pluma, meio algodão...
De repente... acordei e vi plumas e algodão ao meu redor.
Meus travesseiros estavam rasgados, minha cama parecia uma nuvem gigantesca.
Estava tão compenetrada nos meus sonhos que a cada obstáculo vencido,
a cada porta aberta, eu rasgava almofadas, travesseiros e os lençóis inconscientemente.
Ao meu redor, tudo parecia em perfeita desordem e pacificação ao mesmo tempo.
Não saberia explicar, mas eu sabia que tudo fazia sentido pra mim.
Olhei para o lado, e logo vi na parede um quadro...
Estava virado de cabeça para baixo.
A princípio fiquei sem entender, depois vagarosamente levantei-me da cama,
Posicionei minhas mãos sobre os joelhos e inclinei-me para melhor visualizar o quadro.
Era uma pintura divina, cenas minúsculas se passavam em todo ele,
Então percebi que todas as cenas pintadas ali, exatamente todas, fizeram parte dos meus sonhos.
Pude reviver cada cena, mesmo estando ainda em estado de “choque”.
Depois fiquei na posição normal e automaticamente sentei-me na beira da cama.
Pensei: O que se passa? Estou no meu quarto mesmo ou ainda estou dentro de um sonho?
Eu senti medo de repente, um arrepio tomou conta do meu corpo inteiro,
Não sabia o que se passava, só sabia que nada daquilo parecia um sonho,
E tudo era muito absurdo para ser real.
Queria correr, mas minhas pernas não se moviam,
Queria gritar, mas minha voz não saía da boca,
Queria sumir, mas não era possível, então ali só podia olhar e ouvir.
Vi e ouvi a porta abrir. Vi e ouvi alguém me chamar.
Era a pessoa com quem havia sonhado a noite inteira.
Meu coração queria sair pela boca, mas não era possível, pois nem a voz sequer saia.
E tive que ficar ali, parada esperando o teto desabar sobre minha cabeça,
Fechei os olhos, lágrimas caíam, eu achava que era o fim de tudo...e somente esperei o fim.
Foi quando de repente, senti-me tocada nos braços, depois nos ombros, depois na nuca...
Eu continuava de olhos fechados.
Senti minha boca tocada, depois meu rosto, depois meus cabelos...
Eram toques suaves, toques que realmente tocam.
Eu já não queria sumir, queria apenas me assumir, me entregar...
Então abri os olhos e me vi ali diante dele, eu não queria dizer nada,
Eu não queria falar de mim nem perguntar nada,
Queria somente olhá-lo, olhá-lo e olhá-lo.
Nos olhamos por minutos intermináveis e um desejo tomou conta de mim,
Deitei-me lentamente sobre a cama e fiquei olhando pro teto,
Minha cama mesmo não sendo redonda parecia girar e girar.
Fiquei tonta e pronta para tocá-lo e falar de coisas jamais ditas pela minha boca.
Nos tocamos e nos entregamos, como se faz um verdadeiro casal apaixonado,
Mas a única coisa que nos diferenciava de todos os casais apaixonados
Era exatamente o fato de sabermos que não estávamos apaixonados.
Na verdade eu nem sei o que é paixão, nunca me senti apaixonada,
Nunca vi ninguém se apaixonar por mim,
Mas sei sinceramente o que é não estar apaixonada.
Hum,... mas paixão não me faz falta, o que me faz falta é a ausência da libido...
Isso sim me faz falta, pois sem desejo tudo se morre, tudo desaba. Tudo se enfraquece.
Um homem apaixonado não sai do quarto depois de uma transa sem dizer nada!
Não, acho que não, isso é incomum...
E foi exatamente o que ele fez, possuiu cada parte do meu corpo, e...
Simplesmente se foi, sem dizer nada... simplesmente se foi.
Mas aquilo não me importou, afinal todos os homens que passaram na minha vida fizeram isso,
Se foram sem dizer “adeus” ou aos menos dizer: “foi bom”.
E novamente fiquei ali intacta, sozinha na companhia de mim mesma,
Com um filme passando na minha cabeça,
Querendo entender tudo, e me fazendo mil perguntas,
Perguntas que ninguém saberia responder...
E mesmo se respostas houvessem eu sequer entenderia.
Afinal o que estou fazendo aqui?
Estou viva? Estou morta? Quem sou na verdade?
Os espíritos parecem andar sem rumo pelo quarto e as almas parecem gritar.
Queria entender porque sempre tem que ser assim,
Busco respostas e nunca encontro,
Busco a mim mesma e me desaponto,
E lamento sempre quando na verdade eu deveria correr...fugir ou enfrentar.
Quando deveria pensar no que me convém, não no que simplesmente vem à cabeça,
Pensar no que me faz bem, não no que pode vir a dar certo um dia.
Eu sou assim, prisioneira de mim mesma,
Amante de um amor demolido.
Sinto-me um pouco tonta ainda, talvez esteja na hora de descansar,
Deixar meu sorriso se desarmar junto a um calor que navega sobre meu corpo ainda...
(As lembranças são boas, não tenho como negar)
Mas queria, queria tanto, olhar pra dentro de mim e acreditar no que sou,
E deixar de sentir saudade do que fui um dia,
Voltar à normalidade exata da terra, do vento e do mar.
Já são 13:00 h do dia 13.13.2013 e talvez deva tomar mais um comprimido,
Pois sonhar faz mais sentido que viver dores nesse quarto escuro.
Enfim, ser invisível... Enfim eu, “inexistente” e contente por estar sempre acompanhada de mim apesar desse martírio sem fim.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Medo


Não moro no fundo do poço, moro num poço vazio...
E aqui não temo o frio, só temo a dor.
Não vivo só na solidão, a solidão mora comigo...
E aqui não vejo morcegos, vejo dentes afiados prontos a me devorar.
Eu tenho medo, mas ainda tenho a mim.

O vento não vem contra mim, eu corro sempre atrás dele,
A lágrima que sai... não vai ao chão, ela percorre todo meu corpo,
É simples imaginar as pessoas longe do meu plano,
Difícil é entender porque nada faz sentido.
Eu tenho medo, mas ainda tenho a mim.

As árvores dançam com a canção que a chuva faz,
Não ouço os trovões, ouço as emoções soltas no ar,
Eu adoraria ver o sonho chegar e dizer: Que bom!
Loucura é viver pro futuro e lembrar do que passou,
Loucura é dizer amar alguém que nunca amou.
Eu tenho medo, mas ainda tenho a mim.

Não escuto o silêncio, o silêncio sou eu de fato,
Meus olhos se fecham e ainda assim me vejo,
Meu interior carregado de dívidas de acerto com o passado.
Escrevo meu nome e vejo quem o chama,
Deveria ir sem medo de voltar.
Eu tenho medo, mas ainda tenho a mim.

Opiniões contrárias às minhas, soam como invasão,
Mãos ao alto para mim é opressão,
Meu desejo se morre no túmulo de alguém,
Duas faces ocultas me destinam ao desprazer...
De enterrar-me na terra com seu sangue no olhar.
Eu tenho medo, mas ainda tenho a mim.

Meu choro me afronta, meu sorriso se vai,
Nada peço, odeio cobranças,
Retomarei meu ar, que tanto desejei respirar.
As flores murcham como frutas apodrecidas no jardim,
Eu deito-me em espinhos e encolho-me perdendo todas as forças.
Eu tenho medo, mas ainda tenho a mim.

Lembrar de algo que nunca fui, faz-me viver um pouco mais...
Olhar pro céu, toma-me a alma,
Levito em saudade e mordo-me arrancando toda minha pele,
Esta por sua vez, revestida de rancor por ter sido tocada um dia,
Eu deveria olhar ao redor e gritar pro mundo saber da minha existência.
Eu tenho medo, mas ainda tenho a mim.


Sentir-me assim dá nojo de mim mesma,
Se o sentido da vida se chama família, por que me traz indignação?
Eu me solto num campo bonito, em sonhos perdidos dentro de mim,
A lua que vejo mais parece uma desordem ilusória “bonita” a brilhar,
Meus passos eu não os vejo, os sinto pisarem sobre mim,
Meu corpo perde a carne, e os ossos tornam-se visíveis.
Não tenho medo da morte, tenho medo de mim.