quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Entre a loucura e o medo...


Era um dia frio, um dia daqueles que nos enche de vazio, um dia daqueles que tudo dentro da gente atenua sem desespero e sem muita motivação.
Ao longe, dava pra notar que uma única casa em meio aquela névoa estava aberta. E chegando bem próximo dava pra notar também que ali existia uma mulher...uma mulher sentada à porta com seu queixo sobre os joelhos, levemente abraçados por seus braços longos cobertos por uma jaqueta jeans.
Ainda sem saber seu nome, ainda sem saber seu cheiro... era visivelmente notável seus olhos fixos a um único ponto como se sua mente estivesse em um outro lugar e não ali.
Sabe-se que se aquela mulher de olhos marcantes, boca rosada e um queixo de traços indecifráveis, sentada à porta de sua casa, pudesse voltar no tempo e se sentir como uma menina que beija a própria mão imaginando a boca de um príncipe encantado, certamente ela viveria essa menina intensamente. Buscaria reviver da forma mais pura esse sonho repleto de encantos. Mas os príncipes não existem de verdade....Embora exista no pensamento da doce menina e isso basta para ela viver uma fantasia. .....Afinal quem seria o príncipe? Príncipes nem existem. E tu existes? É, tu... existes?
Eu disse que tu és uma fantasia? Não, eu não disse isso. A menos que quisesses ser o príncipe da doce menina. Ou ser o homem da terna mulher.

Mas...o que seria fantasia?Uma vontade de unir vontades? Imaginar que o abstrato pode ser concreto? Fechar os olhos e ter o poder de fazer o que quiser e onde quiser?
Ilusão é bem diferente de fantasia. Embora tu sejas um pouco de ilusão pra ela também...só não chega a ser mais porque ilusão é enganação também e ela não está enganada quanto a tudo isso.

Tu és uma fantasia boa e que a faz bem. Tu és um céu? Uma cor? Uma dor? Um sonho? Um quadro? Uma efígie? Um sol? Uma torre? Uma estrada? Um pecado? Um riso no canto da boca?
Espera....a tua boca é um riso completo. E na pele dos lábios teus vejo a cor do pecado, a cor do desejo. Convite pra noite, convite pro beijo... Convite pro riso repleto de fome e sede. Tua boca tem um gosto que ela ainda não sabe.
Como se não bastasse vê-la sonhar ainda é possível vê-la perdendo a noção da razão. A loucura e o medo andam juntos. E ela teria razão em deixar-te passar? Sem provar o beijo teu? Sem sentir o gosto que tua boca tem? A razão menos importa agora... Ela quer entender...quer sentir... Precisa disso.
Pra depois não ter que cantar: " Só uma coisa me entristece... o beijo de amor que não roubei...
... a jura secreta que não fiz...as brigas de amor que não causei... "
E ser condenada por quê? Por querer algo que nem pode ser dela de verdade, mas que ela quer mesmo assim?

O mito que se esconde em teu rosto... naquele mesmo riso que rouba toda tua boca é a mesma verdade estampada no teu corpo inteiro, ela sabe disso. E isso ao mesmo tempo que amedronta-a, faz dela um pouco mais de ti mesmo...porque no fundo ela sabe que precisa beijar o teu riso pra sentir-se a menina-mulher que ela é.
Posso ver-te ali, exatamente ali ao ouvi-la falar:

Ajuda-me a vencer esse medo e enlouqueça comigo! Preciso!

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