quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O livro (parte 3)

O dia hoje está calmo. Poucos pássaros, poucas pessoas...e um pouco bem pouco de tudo.
O vento mais ameno, os sorrisos mais tímidos, as vontades mais inibidas e os segredos mais escondidos.
A moça não está no mesmo banco que costuma sentar diariamente. Hoje ela preferiu ficar na claridade, ficar exposta ao sol, entender tal paisagem...

- Escondendo-se de mim? (Perguntou o homem sorrindo sentando-se ao lado da moça).

- E por que me esconderia de você? (rs)

- Por achar que sou um homem perseguidor demais.

- Gosto de homens perseguidores. (rs) Desses que procuram entender o que querem.

- Gosto de moças sorridentes. Elas parecem dizer mais coisas que as outras moças comuns.

- Penso assim sobre o olhar. O olhar nos diz tantas coisas...

- O que o meu olhar diz?

- Que você pouco dormiu esta noite... (rs)

- Hahaha! De certo quase não dormi esta noite. Li incansavelmente a página que me você me deu ontem. Por quê a arrancou de seu livro e me deu?

O homem tira do bolso a página, olha para a moça e então diz em voz alta, sem medo de errar uma sequer palavra:

-" ficam aqui as palavras, as noites de frio e os dias de amor,
ficam aqui meus olhares por ti embriagados de tal pureza e clamor.
ficam aqui nossos sonhos que não passam de sonhos,
fica aqui o único beijo que roubo de ti, eu suponho.
ficam as vozes que falam de coisas indefinidas, ou não,
ficam aqui as lembranças de um encontro com a solidão .
fica também a saudade de um futuro que pode não existir,
fica também a vontade de abraçar o presente pra não fugir.
fica aqui um sorriso incompleto repleto de amor e dor,
ficam aqui meus mistérios por não saber quem sou.
ficam aqui as palavras, os dias de amor e as noites de frio.
fica aqui uma parte de mim, em especial uma parte do livro."

A moça não sorri, não diz nada, não faz sequer um movimento. Ela continua lá com os olhos fixos no chão.

- Pouco sei de você doce menina. Pouco sei do seu livro, pouco sei sobre mim, pouco sei sobre esse parque, sobre esse banco o qual estamos sentados... Pouco sei sobre tudo nessa vida. Mas eu não queria entender tudo que li porque sei muito pouco sobre o meu coração. Isso me causa uma certa angústia!

A moça continua lá, ouvindo calmamente tudo que o homem diz. Ela então olha nos olhos do homem...
O homem continua a falar:

- Lembro quando mais novo adorava jogar futebol com os amigos. Um dia eu quebrei a perna e fiquei sem jogar por três meses. Me senti impotente, os dias pareciam não passar e eu ficava enlouquecido de raiva com aquilo. Meu pai ao chegar do trabalho percebeu que eu não havia almoçado, foi no meu quarto, sentou-se à beira da cama e disse: " Se não comer, ficará fraco. Se ficar fraco, temo que não consigas andar. Se não andar certamente não poderá jogar futebol outra vez. Prefere futebol de botão?" Eu particularmente não preferia futebol de botão apesar de gostar muito. Eu queria voltar a jogar com meus amigos...e por mais que eu não entendesse muito meu pai, entendia que ele só queria o meu bem. A partir daí eu percebi que todas as coisas são consequências de outras coisas. A vida é como um jogo, se eu mudar uma peça aqui, o resultado será diferente lá adiante.

- Desculpe, mas onde está seu pai agora?

- Meu pai se apaixonou por uma italiana, foi embora casar-se com ela e nunca mais voltou.

- Percebi uma certa ausência no seu olhar quando falou dele...

O homem sabe que por mais que tente, ele não conseguirá entender a doce menina. Não hoje. Um vazio toma conta dele, por imaginar que talvez nunca mais tenha oportunidade de entendê-la.

- Esta página é uma parte de você?

- Sim. ( Ela já não sorri como sempre faz)

- Tudo ficará aqui nesta página? As palavras, os olhares, os sorrisos...tudo?

- Espera... (Aproxima-se do homem num impulso imediato, toca suavemente seus lábios, olha intensamente seus olhos e o beija)

Toda aquela lacuna existente está preenchida com um beijo tão cálido e ao mesmo tempo tão sutil. Ele teme que seja o único. Ele quer ficar lá até inverter o possível resultado que virá logo adiante. A moça põe a mão sobre seu peito, afasta-se , ri, outra vez toca seus lábios, levanta-se e então se vai. Ele tenta segurar sua mão, mas é inútil. Ela está decidida e o deixa ali, sem palavras, sem explicações, sem sorrisos, sem olhares... O deixa com saudade.



(continua...)

5 comentários:

  1. aiiii por que ela foi embora? tadinho =(
    quero que ela volte pra ele

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  2. A impressão que dá é que um só existe na cabeça do outro, ou seja, é o lado oculto, obscuro, a face da verdade, o reflexo dos anseios, os segredos mais íntimos que não podem ser descoberto.

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  3. Chamo isso de amor
    Acho que ela tem medo de amar, se entregar
    Quando ela o deixa com saudade, ´da impressão de que ela causa isso de proposito

    quero ler a parte 4 logo
    heeheuheue

    parabéns bela escritora, uma linguagem bem clara, gostosa de ler
    beijo

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  4. realmente todos estamos esperando pela parte 4!
    bjuS adoro seu blog *-*

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  5. Axei bunita a parti ki a minina bja o homem
    ela bja com ternura, toda doce
    parece ate ki da pra ver qdo ela se afasta dele e ri
    axo tristi a parti q ela deixa ele sozinhu e vai embora

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